A NGI Sul, responsável pela travessia fluvial entre Itajaí e Navegantes, informa que, em 2024, é a única empresa do segmento em Santa Catarina que ainda não obteve autorização para reajustar sua tabela tarifária. Enquanto outras travessias no estado já passaram por revisões nos preços, a última atualização tarifária da NGI Sul ocorreu em 3 de setembro de 2017, há mais de sete anos e dois meses. Nesse intervalo, a inflação brasileira acumulou 84,12%, conforme dados do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas.
Essa defasagem tem gerado graves impactos nos custos operacionais da empresa, incluindo despesas com insumos, mão de obra, óleo diesel marítimo e materiais como aço, essencial para a manutenção periódica das embarcações e rampas. A pandemia da COVID-19 agravou ainda mais a situação, reduzindo drasticamente o movimento durante o auge da crise e elevando os custos de insumos, especialmente o aço e componentes náuticos.
Geração de empregos e relevância regional - Apesar das adversidades, a NGI Sul se mantém como uma das principais empregadoras do setor náutico na região, gerando mais de 250 empregos diretos e outros 300 indiretos. É também destaque no segmento, com o maior número de contratações de profissionais marítimos habilitados pela Marinha do Brasil. Entre os colaboradores da empresa, sem contar os marinheiros e embarcados, há mecânicos, soldadores, almoxarifes, cobradores, profissionais de solo, seguranças, setores administrativo, contábil, financeiro, entre outros.
Comparação com outras travessias - A situação torna-se ainda mais preocupante quando comparada aos valores praticados em outras travessias no estado. Em Laguna, no sul de Santa Catarina, um recente reajuste tarifário da travessia daquela cidade, fixou o valor da travessia de automóveis em R$ 24, quase R$ 14 a mais do que o praticado pela NGI Sul. Já para motocicletas, o custo será de R$ 4,25, enquanto em Itajaí–Navegantes o valor permanece congelado em R$ 2,30 desde 2017.
Outro exemplo está na ligação Joinville–São Francisco do Sul. Os valores também são significativamente maiores: R$ 25 para automóveis e R$ 5,55 para motocicletas, frente aos R$ 9,05 e R$ 2,30 cobrados pela NGI Sul. O último reajuste em Joinville foi de novembro deste ano.
Impactos na operação e perspectivas - De acordo com a direção da empresa, a ausência de reajuste há mais de sete anos impede a realização de novos investimentos na travessia, além de comprometer a sustentabilidade financeira da operação. Apesar de reuniões frequentes com a ARESC (Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina) e a Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade (SIE), ainda não há definição sobre o pleito da empresa.
Sem um reajuste em curto prazo, a NGI Sul avalia medidas drásticas como a suspensão das operações da Balsa entre os bairros Barra do Rio (Itajaí) e Machados (Navegantes) aos domingos, além da readequação do horário diário de funcionamento, que hoje é entre 5h e 22h50.
Outra medida que vem sendo estudada seria a redução de horários, ou seja, uma frequência menor das operações noturnas e de madrugada do Ferry Boat no centro das cidades. Hoje o local opera 24h por dia, sem interrupções.
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