O preço é o fator que mais influencia a decisão de compra dos brasileiros, seja no varejo físico ou on-line. Um total de 66% dos consumidores consideram o valor na hora da aquisição de um produto ou serviço, conforme pesquisa realizada pela Neogrid em parceria com o Opinion Box. No entanto, outros fatores também são levados em conta.
O custo de um item disputa a atenção do comprador com promoções, descontos e a qualidade do produto, conforme o levantamento. A experiência do profissional de TI e consumidor de videogames, Lucas Silva Gonçalves, 30 anos, exemplifica as informações.
Ao ser questionado sobre o peso do preço em sua decisão de compra, de zero a dez, sua resposta é direta: “Com certeza, dez. Hoje em dia, não tem como não olhar para isso”, afirma. “O preço padrão de um jogo no lançamento pode variar entre R$ 400 e R$ 500”, justifica.
Mas não são apenas os consumidores que se preocupam com o preço. Empresas que buscam competitividade precisam saber como realizar a precificação para equilibrar lucro e atratividade, como informa o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Para isso, a orientação é utilizar ferramentas, que vão desde uma planilha de precificação grátis para cálculos iniciais até sistemas integrados para gerenciar a complexidade dos custos.
O sócio e diretor comercial da Nomus, Thiago Leão, explica que o preço transcende o custo de produção. “É um dos fatores mais determinantes na decisão de compra porque ele representa, para o cliente, a relação entre valor percebido e investimento. Não se trata de ser o mais barato, mas de oferecer uma proposta justa e competitiva.”
Encontrar esse é equilíbrio é fundamental, conforme Leão. “Um preço mal calculado pode comprometer toda a operação, seja por reduzir margens de lucro ou por afastar clientes”, analisa. Nesse cenário, a orientação é conhecer os principais sistemas de gestão empresarial disponíveis no mercado para definir aquele que irá auxiliar nas etapas de produção a fim de assegurar redução de custos, otimização de processos, diminuição de perdas e desperdícios, entre outras melhorias que possam impactar o preço final.
Preço x emoção: o que fala mais alto na hora da compra?
De acordo com a pesquisa, 78,2% dos consumidores procuram mercados que estão em promoção, enquanto 83,3% acompanham ofertas de produtos que desejam adquirir.
Lucas relata que se mantém atento às promoções, responsáveis, inclusive, por compras não planejadas. “Já comprei vários jogos por simplesmente estarem em um valor muito baixo e nem joguei”, revela.
A jornada de compra não é puramente racional, e a emoção também entra em jogo. Apesar da preocupação com o preço, Lucas relembra que pagou o valor cheio por um lançamento. “Sou um grande fã da franquia e estava muito animado para jogar o mais rápido possível.”
Ele reconhece a contradição do processo de consumo. “Eu acho que nenhum jogo vale R$ 300, não importa o quão grandioso seja, mas nós, como fãs, ignoramos isso. Infelizmente, a gente paga pelo carinho à marca, história, personagens e vontade de consumir.”
Tecnologia e estratégia na precificação
Para as empresas, atrair o consumidor racional atento aos preços e o fã disposto a pagar mais exige planejamento. A falta de visibilidade nos pontos de venda e o uso de informações desatualizadas podem levar a perdas por ruptura ou excesso de estoque, o que impacta as margens de lucro, como destaca o Sebrae.
Nesse processo, a tecnologia se torna indispensável. Leão ressalta que a gestão moderna não pode se basear em percepções. “O sistema de gestão empresarial ajuda a indústria a calcular o preço de venda de forma muito mais precisa. Ele reúne informações de custos diretos e indiretos, como matéria-prima, mão de obra, despesas administrativas e impostos, além de considerar a margem de lucro desejada”, detalha.
Com essa base, segundo ele, “o gestor não depende de ‘achismos’, mas de dados concretos para definir o preço. Outra vantagem é que o ERP permite simular cenários, como variações no custo de insumos ou mudanças tributárias, dando segurança na tomada de decisão e evitando prejuízos.”
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