Em tempos em que cuidar da mente se tornou tão essencial quanto manter a saúde física, uma aliada até pouco tempo impensada tem ganhado protagonismo na rotina dos catarinenses: a diversão. O que antes era visto apenas como lazer, hoje desponta como uma estratégia legítima de promoção do bem-estar emocional. Eventos sociais, festivais culturais, shows, encontros corporativos e feiras vêm sendo redescobertos como verdadeiras ferramentas de fortalecimento mental.
De Joinville a Florianópolis, passando por cidades do interior, os eventos têm reunido públicos diversos em experiências que vão muito além do entretenimento. Cada evento é uma chance de descansar a mente e celebrar a vida. É uma pausa necessária para recarregar a alma.
Para especialistas em saúde mental, o impacto positivo da participação em eventos é real e comprovado. A música ao vivo, a dança, os encontros, as dinâmicas em grupo e o contato com a natureza ativam no cérebro circuitos de recompensa, aumentando a liberação de dopamina e serotonina — os chamados hormônios da felicidade.
A pandemia de COVID-19 evidenciou de forma dramática o valor do contato humano.
“O isolamento social, a ausência de celebrações e a restrição de encontros presenciais afetaram profundamente o equilíbrio emocional da população. O retorno dos eventos, nesse contexto, tem sido um verdadeiro reencontro com a vida. Mais do que nunca, sentimos falta de abraços, de rir junto, de dançar com os outros”, avalia Karina Boaretto, sócia-proprietária da Farma Hill, casa de shows e eventos localizada em Araquari, no Norte do estado.
Engana-se quem pensa que essa redescoberta é exclusiva dos jovens. O fenômeno abrange diferentes faixas etárias e perfis sociais. Idosos têm buscado bailes e atividades culturais como forma de sociabilidade e estímulo cognitivo. Trabalhadores e empreendedores encontram nas feiras, eventos corporativos e happy hours uma válvula de escape saudável e também uma oportunidade de networking.
“Acreditamos que a diversão é para todos”, afirma Karina. “A Farm Hill foi pensada para acolher desde festas universitárias até eventos familiares e corporativos. Nosso objetivo é criar experiências leves, significativas e que contribuam para a saúde emocional dos participantes.”
Ela lembra com carinho do evento da UNICREDI, que transformou o estacionamento do espaço em um parque ao ar livre, com direito a um tobogã gigante. “Ver adultos se divertindo ali foi uma das maiores provas de que estamos no caminho certo.”
Organizadores já reconhecem a responsabilidade emocional que carregam ao planejar um evento. Desde a curadoria de atrações até os detalhes da iluminação, da sonorização e da ambientação, tudo é pensado para proporcionar bem-estar e conforto.
Os eventos são também espaços de expressão individual, de celebração da identidade e de fortalecimento de vínculos afetivos. Dançar, rir, cantar, se emocionar: esses gestos simples têm um valor profundo. Fortalecem a autoestima, criam memória afetiva e estimulam o senso de pertencimento — todos fatores fundamentais para uma mente saudável.
Com esse cenário, é possível afirmar que os eventos têm se tornado uma forma contemporânea de autocuidado coletivo. Em vez de jornadas solitárias de meditação ou terapias individuais, mais pessoas têm percebido que o convívio, o riso compartilhado e a celebração são caminhos legítimos e eficazes para cuidar da saúde mental.
“Li uma vez que evento é remédio para a alma. E concordo plenamente. Aqui em Santa Catarina, esse movimento cresce com força, impulsionado pela valorização dos espaços culturais, festivais independentes e casas de eventos que entenderam que diversão, quando bem pensada, também cura,” finaliza Karina.
A saúde emocional, hoje, também se cultiva na pista de dança, no aplauso coletivo, na energia de um palco e no abraço reencontrado.
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